O Amazonas pode, precisa mas não pratica a Economia Verde
Silvio Rodrigues
07/09/2021 17h56 - Atualizado em 07/09/2021 às 17h56
A Economia Verde foi um dos principais temas da Rio+20 (Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável), realizada na cidade do Rio de Janeiro em junho de 2012.
O Amazonas pode ser um pilar de desenvolvimento da chamada economia verde, onde o desenvolvimento é gerado em harmonia o meio ambiente.
No Amazonas ocorreram vários programas de desenvolvimento desde o grande boom de crescimento da economia vivenciado durante o período áureo da borracha e sua estagnação em 1950. No estado, antes da Zona Franca de Manaus, a principal receita provinha da atividade agropecuária e do extrativismo da juta e da borracha. Hoje, o modelo econômico, é a indústria de bens finais, baseado numa matriz de importações e incentivos fiscais. Este modelo, nunca surtiu e nem hoje demonstra os efeitos esperados no crescimento do estado. O que transformou o interior em bolsões primitivos de miséria.
Mas, como o modelo Zona Franca de Manaus, é exigente em competitividade, tecnologia e capital, necessita-se de um ordenamento da cadeia produtiva para a substituição, implementação, e correção dos entraves ao crescimento provocados pelo modelo Zona Franca e sua possível perenização. Hoje, a estratégia do Estado do Amazonas tem que ser o crescimento de uma economia mais interiorizada, baseada nas potencialidades regionais, para gerar emprego e renda, juntamente com o setor industrial de Manaus.
A primeira questão que se problematiza é com relação ao desenvolvimento de cadeias produtivas. As cadeias produtivas se caracterizam pela integração sucessiva de atividades econômicas, em que o processo produtivo se dá de forma sucedânea. Em todas as cadeias produtivas, na maioria dos 61 municípios que compõem o estado, os problemas são os mesmos, a falta de infraestrutura de secagem de castanhas e outros produtos, falta de transporte e armazenamento nas comunidades, falta de casas de farinhas modernas, falta de infraestrutura de produção e beneficiamento, poucas opções de mercado, entraves burocráticos, falta de organizações civis de produção e credito (cooperativas), deficiência de gerenciamento de áreas produtivas.
Após o ano de 1998, o governo luta pela efetivação de três grandes eixos que atravessam pelo estado para integrá-la região Norte esta quase no fim: o Norte (sob influência da BR-174), o Noroeste (sob influência da BR-319 e a Hidrovia do Madeira, em direção ao Acre e Rondônia e ligação com o resto do país) e um corredor natural, o Rio Amazonas, que promove uma integração inter e intra regional além de abrir acessos aos mercados internacionais.
Além disso, a implementação do Centro de Biotecnologia do Amazonas, a construção do terminal graneleiro que escoa, através do município de Itacoatiara, a soja proveniente do norte do Mato Grosso, e implantação de balizamento e viabilidade da navegação eletrônica pelo Rio Madeira pretendem eliminar gargalos e apoiar infra-estruturas eficazes e capazes de atrair empreendimentos e novas oportunidades de negócios.
Do ponto de vista ambiental, é o Estado brasileiro que possui o maior número de unidades de conservação sob jurisdição do poder público, são 29 unidades (Agência de Floresta, 2007), cobrindo uma área maior que 11,48% de áreas protegidas em relação a superfície total do Estado. O que é um risco e uma possibilidade com a Lei de Florestas Públicas (Lei 11.284/06)
Definição
Economia verde é um conjunto de processos produtivos (industriais, comerciais, agrícolas e de serviços) que ao ser aplicado em um determinado local (país, cidade, empresa, comunidade, etc.), possa gerar nele um desenvolvimento sustentável nos aspectos ambiental e social.
Objetivo
O principal objetivo da Economia Verde é possibilitar o desenvolvimento econômico compatibilizando-o com igualdade social, erradicação da pobreza e melhoria do bem-estar dos seres humanos, reduzindo os impactos ambientais negativos e a escassez ecológica.
Importância e benefícios
De acordo com especialistas que atuam nas áreas de Economia e Meio Ambiente, a aplicação da Economia Verde em países desenvolvidos e em desenvolvimento aumentaria a geração de empregos e o progresso econômico. Ao mesmo tempo, combateria as causas do aquecimento global (emissões de CO2), do consumo irracional de água potável e dos fatores que geram a deterioração dos ecossistemas.
Principais características da Economia Verde:
– Pouco uso de combustíveis fósseis (gasolina, carvão, diesel, etc.) e aumento do uso de fontes limpas e renováveis de energia;
– Eficiência na utilização de recursos naturais;
– Práticas e processos que visam à inclusão social e erradicação da pobreza;
– Investimento e valorização da agricultura verde;
– Tratamento adequado do lixo com sistemas eficientes de reciclagem;
– Qualidade e eficiência nos sistemas de mobilidade urbana.
Uma economia verde inclusiva é aquela que melhora o bem-estar humano e constrói a igualdade social, ao mesmo tempo que reduz os riscos ambientais e a escassez. Uma economia verde inclusiva é uma alternativa ao modelo econômico dominante de hoje, que exacerba as desigualdades, incentiva o desperdício, desencadeia a escassez de recursos e gera ameaças generalizadas ao meio ambiente e à saúde humana.
O Estado do Amazonas é potencialmente o mais rico do Brasil, mas sua população vive na pobreza quase absoluta e desde a criação da extinta Zona Franca e o Polo Industrial de Manaus, o êxodo rural foi tão intenso que a cidade sofreu uma explosão demográfica que persiste e insensatamente vivemos reféns de um polo industrial que a cada diminui e reduz sua necessidade de mão de obra, o que nos faz gritar “a economia verde requer urgência”.